Qual é o tratamento da Insónia

Como já referi anteriormente, quando eu própria escolhi um estágio curricular na área do sono, não sabia muito bem para o que ia… As perturbações de sono não faziam parte do programa curricular do meu Mestrado. Então, acabava por só ter acesso à área do sono quem optava por este estágio.

Assim, eu, tal como grande parte da população, não sabia que o tratamento recomendado para a Insónia não era farmacológico.

De acordo com as orientações clínicas internacionais para o diagnóstico e tratamento da Insónia, o tratamento recomendado como primeira linha de intervenção é a Terapia Cognitivo-Comportamental para a Insónia (TCC-I).

O que é então a TCC-I?

É uma intervenção psicológica especificamente desenvolvida para o tratamento da Insónia.

A Insónia é uma perturbação complexa influenciada por vários fatores e mecanismos psicológicos e fisiológicos. Assim, o seu tratamento deverá ser também ele multi-componente, ou seja, “atuar em várias frentes”.

É isso que ocorre na TCC-I

Técnicas comportamentais e cognitivas complementam-se de forma a atuar nos fatores que estão a manter a insónia.

A intervenção não atua no sintoma, mas sim nos processos e mecanismos que estão a causar e manter as dificuldades.

Dessa forma, os benefícios mantêm-se a longo prazo.

Infelizmente, ainda hoje o acesso à TCC-I é muito reduzido o que leva a que a medicação permaneça a opção mais usada. Esta tendência não ocorre só em Portugal. Um pouco em todo o mundo, os desafios são semelhantes: fraca disseminação de conhecimento e um reduzido número de psicólogos com formação em Insónia.

Felizmente, cada vez mais pessoas procuram um tratamento não farmacológico para a Insónia e cada vez são mais os profissionais que divulgam neste sentido.

Nas celebrações do Dia Mundial de Sono do ano passado, participei num painel em conjunto com outros especialistas do sono da área médica. Foi com gosto que os ouvi reiterar aquilo que devia ser prática comum: “quando existe possibilidade de acesso à TCC-I, seria incorreto não referenciar o paciente”.

Assim, a cada pequeno passo, estamos mais próximos de desmistificar a Insónia e o seu tratamento!